Noutras esferas, no plano dos movimentos sociais e coletivos, alguns dos traços afetivos marcantes das históricas revoluções, a Francesa, por exemplo, eram de fato o ódio a certa conjuntura social, e o amor a certos ideais que reivindicavam transformação social, não fundamentalmente o ressentimento. Em lugar de querer participar da casta privilegiada, como quer fazer crer a autora, a crítica ao capitalismo costuma trabalhar justamente no sentido oposto, de se fundir com os demais, não buscando um reconhecimento ou retribuição privilegiados. Quem se engaja em uma determinada direção política não é em sentido literal motivado fundamentalmente pelo ressentimento. Incapaz de ressentir e de reelaborar determinadas representações, o ressentido se fecha em si, numa perspectiva narcísica, estabelecendo poucos laços, culpando o outro, culpando o mundo e pouco ou minimamente buscando transformá-lo.
Filosofia, editora Escala.
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