O que é importante frisar é que o traço marcante do ressentido, segundo Nietzsche, é a fragilidade e a incapacidade de transformação de uma realidade frustrante e a constante posição vitimizada. A não passividade e possível transformação do que lhe aflige não são atitudes próprias dos profundamente ressentidos. A postura crítica e o não bloqueio afetivo são justamente a conservação da abertura da possibilidade de mudança, o motor da constante mudança inevitável que se faz presente na história, na vida. Nota-se em larga medida uma postura ativa e não ressentida de transformação que persiste historicamente em muitos intelectuais de diversas nacionalidades. Há uma busca por alternativas de mudança efetiva para o social, saindo assim da lógica maniqueísta do culpar o outro a qualquer custo, onde, neste caso, o ressentimento de fato é uma forte arma, inclusive política.
Filosofia, editora Escala.
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