Observo, além disso, que os objetos que afetam nossos sentidos não provocam em nós diversas paixões por causa de todas as diversidades que existem neles, mas somente por causa das diversas formas pelas quais podem nos prejudicar ou beneficiar ou então, em geral, ser importantes.
O uso de todas as paixões consiste somente no fato de que elas dispõem a alma a querer as coisas que a natureza dita serem úteis a nós e a persistir nessa vontade, assim com a mesma agitação dos espíritos, que costuma causá-las, dispõe o corpo aos movimentos que servem para a execução dessas coisas.
Ora, é fácil saber, pelo que foi dito anteriormente, que a utilidade de todas as paixões não consiste senão em fortalecer e fazer durar na alma pensamentos que é bom que ela conserve e que poderiam facilmente, sem isso, ser apagados. Assim como todo o mal que podem causar consiste em fortalecer e conservar esses pensamentos mais do que o necessário ou então em fortalecer e conservar outros nos quais não vale a pena deter-se.
A paixões da alma. Descartes.
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