domingo, 27 de janeiro de 2019

Identidade & Personalidade

"Anos 1860. Francis Galton provoca o debate sobre se a natureza (habilidade inata) ou a criação (educação) tem mais impacto sobre a personalidade."

"1952. Jean Piaget afirma que a capacidade de absorver e processar informação se desenvolve pela interação entre as habilidades inatas da criança e o ambiente em que vive."

"Para o psicólogo russo Lev Vygotsky, as habilidades necessárias para raciocinar, compreender e memorizar têm origem na vivência da criança com pais, professores e colegas. Vygotsky entendia que o desenvolvimento humano se dava em três níveis: cultura, interpessoal e individual. Os maiores interesses de Vygotsky eram os níveis cultural e interpessoal, uma vez que, para ele, nossas experiências formativas são sociais: construímos nossa identidade pela relação com os outros. Vygotsky acreditava que as crianças absorvem a sabedoria, os valores e o conhecimento técnico acumulados pelas gerações anteriores ao interagir com os cuidadores e usam essas ferramentas para aprender a se virar no mundo com eficácia. Mas é apenas por meio da interação social que as crianças podem vivenciar e internalizar essas ferramentas culturais. Até nossa habilidade de pensar e raciocinar em nível individual deriva das atividades sociais desempenhadas durante o desenvolvimento que promoveram nossas capacidades cognitivas inatas."

"1945. O psicanalista americano René Spitz relata os efeitos desastrosos em crianças que crescem em orfanatos."

"1951. John Bowlby conclui que a criança demanda uma relação íntima e contínua com a mãe."

"1958. O antropólogo Melford Spiro escreve Children of the Kibbutz e insinua que os métodos ocidentais, em que a mãe é a maior responsável por cuidar da criança, funcionam bem em todas as culturas."

"1996. Em seu best-seller, New Passages, a escritor americana Gail Sheehy observa que os adultos estão prolongando a adolescência até depois dos trinta anos e atrasando os estágios da vida adulta proposta por Erikson em cerca de dez anos."



domingo, 20 de janeiro de 2019

Interpretação de Postura Física

"Foi Albert Scheflen que descobriu que as atitudes corporais de uma pessoa ressoam, ecoam em outra com uma frequência espantosa. Dois amigos se sentam exatamente do mesmo jeito, cruzando a perna direita em cima da esquerda, por exemplo, e as mãos entrelaçadas atrás da cabeça. Ou,  numa imagem especular, um deles cruzando a perna esquerda em cima da direita. Scheflen chama a isso de postura congruente e acredita que sempre que as pessoas estejam de acordo, há uma tendência a compartilhar a postura também..."

"... As pessoas de nível mais ou menos igual sempre assumem postura igual, o que não ocorre muito entre professor e aluno, chefe e secretária... "

"Mudar a postura, assim como a gesticulação, parece coincidir com a mudança da linguagem falada. Scheflen descobriu que, numa conversa, o indivíduo mexe a cabeça e os olhos a cada grupo de setenças, normalmente quando acaba de expor um assunto e, quando uma grande mudança no assunto ocorre, há também um grande movimento do corpo... "

"Scheflen descobriu também que a maioria das pessoas dispõe de um repertório de posturas incrivelmente limitado e que as mudanças se dão em sequências previsíveis... "

"Há posturas consideradas convenientes e inconvenientes para muitas situações sociais em nossa cultura. Não se fica escarrapachado durante uma reunião de negócios, assim como não se põe o pé na mesa durante um jantar. E. de maneira bem deliberada, pode-se transmitir uma mensagem, adotando-se uma postura inadequada, conforme a situação... "




terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Filosofia da Educação

"A filosofia historicamente põe em cheque o poder, porque ela se constitui na palavra que questiona e desestabiliza o poder estabelecido. O discurso que sustenta a prática da filosofia é um discurso que desconstrói dogmas, implode-os, enquanto boa parte do poder se constitui na cristalização de certezas e na anulação do pensamento. A palavra potente, que questiona e institui a realidade social, é aquela que funda e legitima não só a filosofia, mas também a democracia. Por que a filosofia é tão vulnerável ao poder estabelecido no Brasil? Porque a democracia também o é. Uma e outra são facilmente retiradas de cena quando os governos se afirmam sobre uma legitimidade questionável.
     Há, no Brasil, há um franco investimento na desqualificação do pensamento crítico e analítico, esvaziando-o de sua capacidade de evidenciar contradições. A filosofia oficialmente, ao perder sua obrigatoriedade e depender de sua presença na Base Nacional Comum nos currículos é um sintoma de que a democracia declina. Mas não nos iludamos: não se trata somente dos governos, a filosofia contemporaneamente luta contra uma concepção instrumental e monetária do mundo, em que o investimento em uma vida significativa é anulado. Uma cultura diária, tornada midiática, desqualifica o pensamento complexo e em perspectiva, infantilizando as pessoas com resumos simplificadores da realidade. Uma atrofia, associada a uma apatia, produz em nós o que Hanna Arendt chama de banalidade do mal, na medida em que, de alguma forma, muitos agem sem se comprometer com as implicações do que pensam, fazem e leem. Tal como Eichmann, responsável por muitas mortes durante o nazismo, trata-se do malnascido da indiferença e do desvalor."

Angela Medeiros Santi, Filosofia, Ciência & Vida.



Estética

"Penso a estética como um modo de reduzir a pobreza da experiência humana, incapaz de ser comunicada e compartilhada com relação a uma tradição (tal como pensa Walter Benjamin), ao viabilizar uma educação a que se recorre para subverter formas de existência predominantes em nosso meio, hoje frenéticas e irrefletidas, com base em estímulos produzidos pelas mídias e pelas telas. Por meio da educação estética podemos exercitar dimensões ignoradas pela atual sociedade, imediatista e apressada, a fim de resgatar a espera, a lentificação, a escuta, a atenção e a escolha. Em regimes de sociedade 24/7, como cunhou Jonathan Crary, que se estrutura norteada pelo imperativo da produtividade e da rentabilidade ininterruptas, com a vida que privilegia cálculo de ganhos, em um mundo de hiperaceleração e hiperestímulo, somos colocados no limite do que pode o humano. Em tal regime, a partilha de um sentido comum mergulha em declínio, dado que tal sentido é tecido na demora, na escuta, na maturação das vivências, o que não mais acontece. A estética nos permite criar linhas de fuga, que marcam outras possibilidades de sentido e vínculo com o real, capaz de transformar e revolucionar a percepção ordinária, de permitir a desconstrução de realidades já estabelecidas, pondo em cheque e subvertendo modos hegemônicos de sentir e perceber, ao arrancá-los de seu valor de uso e troca, liberando-os para um livre jogo com aquele que compõe a realidade à nossa volta, no afã de reconhecê-la em sua mutabilidade e renovação. Experiências de tempo (duração, lentificação), convívio, sentido de comunidade e pertencimento, criação e construção de sentidos, pela arte, pela cultura, constituem a estética e estão hoje no centro daquilo que pode produzir uma recuperação do humano, ao arrancá-lo de uma lógica unidimensional."

Angela Medeiros Santi, Filosofia Ciência & Vida.





Paixões da Alma

        "Isso mostra que todas as cinco são muito úteis em relação ao corpo. Até mesmo a tristeza é de alguma forma anterior e mais nec...