" ... Apesar de haver surgido recentemente como especialização científica, a musicoterapia é tão antiga quanto a própria música. Sua história confunde-se com a da medicina, onde a magia, a sugestão, a superstição e a onipotência divina, pouco a pouco, deram lugar ao método científico.
Desde os tempos mais remotos, fizeram-se várias tentativas no sentido de curar muitas espécies de doenças mentais e nervosas pela intervenção da música.
Tais tentativas enquadram-se em três fases: a que se relaciona com a magia, a que se relaciona com a religião e a que diz respeito ao pensamento racional. Assim, o curador que emprega a música como meio terapêutico tem sido, através dos tempos, primeiro um feiticeiro, ou mágico, depois, um sacerdote, e, por fim, um médico ou especialista em música.
Na história, muitos músicos foram chamados para atuar como terapeutas: a sacerdotisa egípcia Shebut-n-mut; David, o bíblico hebreu, que, com sua harpa, acalmava os nervos exaltados do rei Saul; o tocador de lira grego, Timóteo; o árabe Al Farabi; e Farinelli, o cantor castrado de Felipe V da Espanha.
A música, liberta da magia e utilizada racionalmente como meio curativo ou preventivo, surgiu na Grécia Antiga e podemos considerar Platão e Aristóteles como precursores da musicoterapia, assim como Hipócrates o foi da medicina. Aristóteles deu à música um valor definido, considerando-a benéfica para a catarsis emocional. Platão receitava música e danças no combate aos terrores e angústias fóbicas.
Dos gregos ao Renascimento, não há registros de experiências racionais, desligadas da magia ou da religião. A partir desse período histórico, notável por seu dinamismo e criatividade, um número surpreendente de médicos começou a interessar-se pela música e seus efeitos sobre a mente humana."
Educação Musical Especializada para Deficientes Mentais. Vânia Marise de Campos e Silva. Editora Oriente. Goiânia-GO. 1975
Nenhum comentário:
Postar um comentário