Servidão

"As ideias de Milgram podem ser associadas a de outros acadêmicos ao longo do tempo. No século 16, por exemplo, o filósofo Etiénne de La Boétie escreveu O Discurso sobre a servidão voluntária quanto tinha por volta 18 anos de idade e frequentava a Faculdade de Direito. Escrita como um tipo de panfleto militante o seu conteúdo questionava os porquês que levavam as pessoas a se permitir escravizar de forma cega e voluntária, a se disporem a servir.

     La Boétie estava particularmente interessado em elucidar por que as pessoas obedecem. Ele perguntou: Se um tirano é um único homem e seus assuntos são muitos, por que as pessoas se entregam a sua própria escravidão? Ele acreditava que gerações nascidas sob a servidão e, em seguida, nutridas e criadas em escravidão aceitavam sua condição como algo natural. Assim o costume seria a primeira explicação para a servidão voluntária. Se a vida sempre foi assim, por que deveria ser mudada? O filósofo, entretanto acreditava que alguns podem tentar se livrar do fardo da servidão talvez por que se lembram dos seus antepassados e as suas situações anteriores."

Catarina A. Souza, Psicanálise, Editora Mythos.

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Psicopatia ou Maldade

"O massacre de My Lai envolveu soldados americanos no Vietnã, que mataram mais de 350 homens, mulheres e crianças. No livro há a transcrição de uma entrevista com um soldado que participou deste massacre. Milgram concluiu, de acordo com Butler-Bowdon, que havia algo como psicopatia inerente ou maldade, mas que não era estatisticamente comum. Seu alerta era mais sobre como uma pessoa comum (seus experimentos incluíram mulheres também, mas quase não mostraram diferenças em relação aos homens), se colocada sob determinadas condições, pode fazer coisas horríveis a outras - e não se sentir mal com isso. Soldados em treinamento são colocados em um ambiente separado da sociedade normal e suas delicadezas morais e, ao contrário, é feito com que pensem em termos de o inimigo. É incutido neles o amor pela tarefa, a crença de que estão lutando por uma grande causa e um tremendo de desobedecer às ordens."

Por Catarina A. Souza, Psicanálise, Editora Mythos.

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Natureza Humana

"Butler-Bowdon considera que o livro de Milgram é capaz de oferecer um consolo pequeno sobre a natureza humana. Por nos desenvolvermos em claras hierarquias sociais ao longo de milhares de anos, parte de nossa rede cerebral nos faz querer obedecer a pessoas que estão acima de nós. Mas é somente por meio do conhecimento dessa forte tendência que podemos evitar nos envolver em situações nas quais podemos cometer o mal. Toda ideologia requer um número de pessoas obedientes para agir em seu nome, e no caso do experimento de Milgram, a ideologia que causava o respeito dos voluntários não era religião, comunismo ou soberano carismático. Aparentemente, as pessoas farão coisas em nome da Ciência, assim como inquisidores espanhóis torturavam pessoas em nome de Deus. Tenha uma causa grande o suficiente e é fácil ver como infligir dor a outro ser vivo pode ser justificado sem muita dificuldade."

Por Catarina A. Souza, Psicanálise, Editora Mythos.

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Rio de Janeiro Ateniense versus São Paulo Espartano

"Pode-se também notar essa tal diferença entre os afro-brasileiros. Nos quais, os de cultura carioca são dados ao luxo e a preferência em viver constantemente ao lado da burguesia caucasiana. Há mais uma fluência para uma arte mais romantizada, uma arte caracterizada pela conquista "virtuosa" e amorosa, muito priorizada nas letras de canções populares. Já em São Paulo, a arte dos afro-brasileiros está direcionada para os distúrbios sociais, as lutas de classe e os conflitos urbanos. Se pudéssemos resumir ou distribuir os poderes humanos, estariam assim distribuídos: O poder social e político para o Rio de Janeiro afrancesado. E o poder econômico e militar para uma São Paulo facista italianizada. O que torna um pouco perceptível ainda meados de uma Segunda Grande Guerra Mundial em território entre as duas megalópoles. Os cariocas vivendo de nome, popularidade e livre-arbítrio. Enquanto os paulistas de luta e trabalho.

     Há de considerar que toda família brasileira tem um destino em rumo a São Paulo ou ao Rio de Janeiro. Se houvesse uma maneira de caracterizar o indivíduo para algum dos dois destinos seria assim: Para a direção do Rio de Janeiro partiria uma espécie de Ateniense (o guerreiro bom da República de Platão, dado à música e às artes). E para a direção de São Paulo partiria uma espécie de Espartano (o guerreiro belo da República de Platão, dado ao esporte e à ginástica)."

Trecho do meu próximo livro: O Cão - Poder Antipolítico.

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Consciência Cósmica

"Quem quiser salvar o seu pequeno ego, sacrificando o seu grande Eu, perderá tudo; mas quem salvar o seu Eu, com aparente sacrifício do seu ego, esse salvará tudo, porquanto o menor só existe em virtude do maior."

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Mudança

O campo referido é o meio psicológico no qual o indivíduo ou grupo coletivo estão inseridos em um momento específico; e Lewin notou que duas forças opostas estão presentes em qualquer campo: as forças de atração, que impulsionam as pessoas em direção aos seus objetivos, e as de repulsão, que inibem seu movimento nessa direção.

     Para uma mudança de comportamento acontecer, deve-se levar em consideração todos os detalhes, tanto do indivíduo quanto do ambiente. Conforme a mudança ocorre, as qualidades e os valores centrais de um sistema vão se revelando. Portanto, o próprio processo de mudança fornece informações importantes sobre o sistema. Só compreendemos um sistema quando tentamos transformá-lo.

     "Nós precisamos uns dos outros. Esse tipo de interdependência é o maior desafio imposto à maturidade do indivíduo e do funcionamento do grupo."     Kurt Lewin.

     "A aprendizagem é mais efetiva quando é um processo ativo, não passivo."     Kurt Lewin.

     Na segunda etapa proposta por Lewin - o processo de mudança em si - as pessoas têm de enfrentar a intimidade e desconcertante tarefa de implementar um novo sistema. Precisam abrir mão das rotinas e práticas conhecidas e adquirir novas habilidades (o que já é suficiente para gerar incertezas e medo de fracassar).

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Cultura Behaviorista

Lewin adotou uma nova perspectiva sobre a abordagem behaviorista dominante e propôs-se a investigar como o comportamento resulta da interação do indivíduo com o ambiente, bem como com a natureza desse ambiente. Seus estudos de pequenos grupos abriram caminho para análises subsequentes sobre as dinâmicas de grupos e como os grupos e seus membros conseguem implementar mudanças... o modo como enxergamos e interpretamos o comportamento alheio - tornou-se uma área de pesquisa independente e originou as teorias de conformidade e de obediência a normas culturais, tais como as propostas por Solomon Asch... As questões envolvendo preconceitos, normas culturais e crenças religiosas foram colocadas em primeiro plano, e o trabalho de psicólogos sociais.

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